O que eu preciso conversar com o meu sócio antes de profissionalizar o meu negócio?

Bem, muitas e muitas coisas!

Você e seu sócio (ou seus sócios, se vocês formarem uma equipe) precisarão sentar e conversar sobre diversos pontos fundamentais da estrutura da nova empresa a ser formada a partir da ideia que vocês tiveram e desenvolveram nos últimos meses.

Assim, vocês precisarão sentar e conversar sobre uma série de pontos sensíveis da empresa antes de tomar a decisão de profissionalizar o negócio e registrá-lo na Junta Comercial.

Para ajudá-los com esses passos iniciais, sugerimos uma reflexão sobre alguns pontos jurídicos, com o objetivo de auxiliá-lo a passar por esse processo difícil de profissionalização da melhor forma possível.

Já está na hora de profissionalizar o meu negócio?

Antes de mais nada, procure profissionalizar o seu negócio quando surgir a necessidade, isto é, quando for preciso emitir nota fiscal, contratar terceiros, separar o patrimônio dos sócios, entre outros.

Se você não se sentir pressionado por essas dificuldades, talvez ainda não seja a hora de profissionalizar o seu negócio. Lembre-se que a profissionalização irá envolver custos, como a contratação de contador, que podem atrapalhar o crescimento orgânico da empresa nos seus primeiros estágios.

Afinal de contas, ninguém quer gastar mais do que precisa no início da empresa, justamente em uma das fases de maior dificuldade e retenção de gastos.

Sugerimos que você converse francamente com o seu sócio sobre esse assunto, expondo os custos e dificuldades. Somente se vocês estiverem certos desta decisão, tomada de forma conjunta, é que vocês devem avançar para os próximos pontos de discussão.

Como vamos dividir as receitas e despesas da empresa?

Nem toda camaradagem sobrevive quando a coisa aperta. Então, para que tudo siga bem nos seus trilhos, não esqueçam de discutir como serão divididos os ganhos e perdas do negócio.

Sugerimos que vocês deixem as coisas de forma bem clara, com o valor ou porcentagem exato de cada um. Se não for possível estabelecer a contribuição exata de cada sócio, vocês podem ao menos fazer uma estimativa precisa, baseada na atuação de cada sócio.

Lembrem-se: o combinado não é caro! Recomendamos que vocês deixem tudo por escrito, ou até mesmo façam um contrato, para deixar claro como seguirá a vida da empresa.

Aproveitem para discutir a divisão futura de quotas da empresa, ou seja, qual parte cada um vai ter na sociedade que será formada com a profissionalização do negócio. Essa discussão é muito importante, já que depois que o Contrato Social for registrado, as suas alterações são muito mais difíceis e custosas.

Onde vamos trabalhar?

Apesar de ser uma questão simples, decidir onde vocês vão trabalhar é fundamental para o sucesso e saúde financeira da empresa.

Não há problema algum em vocês continuarem trabalhando de home office, mas, lembrem-se, vocês deverão indicar um endereço (ainda que alugado) para a constituição da sociedade.

Se vocês forem alugar uma sala ou ambiente de coworking, conversem bem como serão pagas essas despesas, já que elas representam uma parte significativa do faturamento da empresa em seus estágios iniciais.

Não é demais lembrar também que a locação de sala comercial exige a presença da empresa por determinado tempo no mesmo lugar, usualmente 1 ano. Programem-se bem para conseguir pagar todas essas despesas, levando em consideração não somente os cenários mais otimistas.

Como vamos fazer com os bens imóveis da futura empresa?

Não é nem um pouco incomum que os sócios tragam contribuições à empresa na forma de imóveis ou outros bens, que passam a ser incorporados ao patrimônio da empresa.

Para que isso ocorra, vocês primeiro precisam verificar a regularidade do imóvel perante o Cartório. Se o imóvel não estiver regularizado, contatem um advogado para auxiliá-los com esse processo.

Na sequência, vale a pena discutir se o sócio que está apresentando os bens para a sociedade (integralizando, se formos usar a linguagem técnica) receberá uma compensação na empresa, seja na forma de maior participação societária, maiores lucros no futuro, entre outros. O que vocês menos devem esperar é que o sócio que mais contribui com a sociedade também fique insatisfeito com essa situação!

A mudança da propriedade do bem da pessoa física para a pessoa jurídica ocorrerá, por fim, com a inclusão do bem no Contrato Social e a sua apresentação ao Cartório para registro.

Como vamos contratar novos colaboradores?

Queremos que a sua empresa cresça, assim como você. Mas para a empresa crescer sem experimentar tanto as tais “dores do crescimento”, é preciso que vocês discutam como serão contratados os novos colaboradores que eventualmente auxiliarão no negócio.

Tomem cuidado com o barato que sai caro, ou seja, a contratação irregular de colaboradores. O Brasil não é para novatos; se você contratar alguém de forma irregular, há uma chance muito alta (muito alta, repito) de vocês se verem obrigados a pagar despesas e verbas que não estavam programadas.

Recomendamos que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) seja seguida por completo, sem qualquer alteração ou mudança. Para tanto, recomendamos novamente que seja contatado um advogado para auxiliá-los com esse futuro processo de contratação e demissão de novos colaboradores.

Programem-se também para guardar uma verba superior ao salário do empregado, para caso ocorra alguma contingência, como demissão sem justa. Como regra geral, reservem pelo menos 20% do total pago ao empregado todo o mês para vocês darem conta se algum problema maior ocorrer.

Conclusão: diálogo nunca é demais!

Estas foram brevíssimas reflexões sobre os primeiros temas a serem conversados quando vocês decidirem pela profissionalização do seu negócio.

Os temas aqui apresentados são um ponto de partida para vocês estabelecerem um diálogo melhor e mais objetivo sobre os percalços que enfrentarão no início da jornada de sua empresa.

Esperamos tê-lo ajudados com essas pequenas dicas! Quaisquer dúvidas, não pensem duas vezes antes de mandar uma mensagem.